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Sábado, 18 de Outubro de 2014 às 00h00 Presidente José Vanildo entrevistado pela Tribuna do Norte

O presidente da Federação Norte-Riograndense de Futebol (FNF), José Vanildo, fala nesta entrevista à TRIBUNA do NORTE  sobre os preparativos para temporada de 2015 e mostra preocupação com o nível dos estádios, a maioria teve as condições de segurança questionada e se encontra interditado por um decreto da própria FNF. Ele falou também sobre a crise na administração paraibana, que está sob intervenção judicial e disse o que espera para o futuro do Juvenal Lamartine, declarado como um Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Norte e tombado.



Você esteve recentemente na Paraíba para falar sobre de futebol. O que ocorreu por lá?

Fui convidado pela Universidade da Paraíba para participar como conferencista de um seminário que tratava de futebol de forma geral e em especial do Nordeste. Eles me pediram para falar sobre como eu administrava a Federação de futebol do Rio Grande do Norte, mostrando avanços, dificuldades e também projetos futuros.



A realidade daqui é bem diferente da paraibana atualmente, não é?

Verdade, a federação paraibana passa por um momento de intervenção judicial, hoje ela está sendo administrada por uma comissão, fato que se prolonga a algum tempo. Isso além dos problemas naturais da ausência de uma definição administrativa causa um vácuo administrativo também e gera ainda mais dificuldade de firmação e projeção do futebol da Paraíba, que vive realmente uma grande crise hoje.

Essa intervenção na Paraíba e o fato de a nossa Federação estar servindo de exemplo de administração, pode fazer com que você assuma alguma responsabilidade na casa do futebol deles, devido a essa proximidade?

Eu tenho uma relação muito boa com a imprensa paraibana e com a ex-presidente Rosilene, com quem eu sempre tive uma boa relação de trabalho. Tenho também bom entendimento com a atual comissão que administra o futebol da Paraíba.Hoje, dentro das minhas possibilidades, tenho servido de interlocutor para sanar algum tipo de questão que eles sintam necessidade. Sempre buscando um termo de conciliação atrás de encontrar soluções para superar esse momento grave que passa o futebol do nosso vizinho.



Você tem ideia do que provocou a intervenção na Paraíba?

Vários fatores, mas em síntese decorreu de uma decisão judicial em reposta a ação de um filiado, dando conta que na última eleição para presidência, vários clubes que não possuíam poder de voto participaram do pleito.



A CBF já se posicionou em relação ao problema?

A CBF tem o critério de não interferir em decisões da Justiça em relação as federações. Ela, na pessoa do presidente José Maria Marin e de Marco Polo vêm acompanhando o desenrolar dos fatos e aguardando uma solução para questão em breve. A CBF vem apoiando a atual comissão gestora, mantendo-se alheia as questões decorrente da intervenção. A solução deverá ser encontrada pelos próprios paraibanos.



Você já recebeu solicitação de algum clube paraibano querendo se domiciliar na FNF?

Tenho relação muito boa com eles, como já frisei, o que eu quero é que o futebol paraibano ressurja, se reorganize e readquira sua credibilidade voltando a ter a importância que tem e merece no futebol nordestino.



Você pegou a FNF numa situação semelhante ao que ocorre hoje na Paraíba. Então qual o segredo para se mudar a imagem da desorganização?

É ter coragem de tomar medidas impopulares, realizar redução de quadro funcional promovendo demissões e enxugando tudo que puder, pois vivemos basicamente de apoio da CBF, bem como de arrecadações que são pouco representativas para manutenção da nossa casa e ainda prestar apoio aos clubes. Nosso grande mérito foi além de adquirir a credibilidade junto a sociedade esportiva, o que procuramos trabalhar insistentemente, nós passamos a investir no marketing e buscar no mercado o meio para nossa sobrevivência. Isso por conta da total ausência do nosso poder público as ações da nossa federação. Combatemos também a realização de ações pontuais, que atendessem apenas ao grande clube. Para mim esse tipo de ação causa ranhuras no conjunto do futebol do estado, não basta resolver questões apenas de ABC e América, temos pensado no futebol como um todo, como um produto, instrumento gerador de emprego e renda, bem como um grande divulgador dos destinos Natal e do RN. As ações pontuais resolvem questões momentâneas: a folha salarial do mês, por exemplo, mas no mês seguinte a crise volta. Por isso, é melhor agir de forma planeja e com credibilidade de quem busca ações para encontrar soluções ou melhoras para o conjunto do nosso futebol.



O Ministério Público avisou que temos apenas dois estádios aptos para receber jogos de profissionais no RN. Como resolver essa questão?

A FNF há vinte dias baixou um ato administrativo promovendo a interdição dos estádios Marizão (Caicó), o Nazarenão (Goianinha) e do Ninho do Periquito. Essa decisão tem aplicação imediata, pois é uma forma cautelar que a FNF encontrou para evitar que os responsáveis por essas praças esportivas evitem deixar para última hora a necessidade de retirar os laudos de segurança e da vigilância sanitária de cada um deles. Essas soluções emergências que estamos habituados a ver aqui, levam os campeonatos ao descrédito, as dificuldades e a questões de imprensa levantando dúvidas sobre a realização de partidas nestes locais referidos. Portanto, a partir de agora será assim: Laudo vencido, estádio interditado não tem como negociar. Laudo apresentado, estádio liberado.



Na prática, você já soube de alguma movimentação dos proprietários desses estádios interditados para solucionar a questão?

Não. Não tenho conhecimento, sei apenas que eles terão dificuldades, pois a federação não vai transigir e nem negociar alguma forma para utilização de equipamentos que não estejam adequados com as normas de segurança exigidas por lei. Adotei uma providência em relação a segunda divisão. Surgiram várias equipes com interesse de participar, mas a maioria com todas as características amadoras, apenas com maquiagem de clube profissional. Assim a solução encontrada foi centralizar toda disputa da segunda divisão do nosso campeonato unicamente no estádio Barretão. O espaço foi cedido pelo proprietário, Manoel Barretto, com a garantia de que o vencedor da segunda divisão, poderá mandar seus jogos pela divisão principal do Estadual, no próprio Barretão em 2015. De outra forma não poderia haver competição por que o Currais Novos está como o Bezerrão interditado e o Clube Atlético Potengi não possui estádio para mandar os seus jogos, uma vez que não dispomos mais de estádios públicos. Portanto, fizemos essa negociação que solucionou esse grande problema.



Mas sendo um clube de interior e com poucos recursos, levando em consideração que mesmo atuando num estádio alugado, ele será sempre um visitante. Isso não poderá causar problemas à FNF com uma possível ameaça de desistência por falta de recursos para bancar as viagens?

O mando do clube campeão da segunda divisão será em Ceará-Mirim, o único que pode sofrer desse problema é o Currais Novos, mas todos os seus jogadores já residem ali mesmo, nas proximidades de Ceará-Mirim.



Mas neste caso específico não poderá ocorrer benefício ao Globo, que fará dois jogos com o campeão da segunda divisão em casa?

Não há essa possibilidade, essa questão de inversão de mando de campo só ocorre quando o caso não está previsto no regulamento. Nós vamos tomar esse cuidado. Por exemplo, ano passado o América jogou com o Palmeira duas vezes no estádio Nazarenão. Essa questão de mando no caso é para definir com quem ficará a arrecadação apenas. Não haverá afronta a lei por que não vai ocorrer inversão de mando de campo.



O Juvenal Lamartine foi decretado Patrimônio Histórico, como a FNF encara isso? É bom, melhorou a chance de reforma do estádio?

Fiquei feliz, pois fizemos um trabalho neste sentido demonstrando sua importância pela diversidade de proposta que se fez na utilização daquela área nobre. O estádio mesmo sofrido, continua sendo muito utilizado pelas nossas categorias de base, é o campo que possui o principal fluxo de jogos na capital. A especulação imobiliária retirou os espaços para futebol nos bairros de Natal e hoje o JL abriga competições sub-19 servindo como mando de clubes como América, Currais Novos, ABC, isso acontece mesmo com eles sendo obrigados a jogarem de portões fechados, para garantia da segurança do torcedor. Fiquei feliz com a decretação e espero que o próximo governador pense, com carinho, na possibilidade de reforma daquele espaço e o transforme num centro de formação de atletas.



A decisão do Patrimônio Histórico facilita a reforma?

Não tenho a menor dúvida disso. Fortalece muito a manutenção daquela área. O que estava ocorrendo antes da decisão, era que a cada dia se aparecia um destino diferente para o velho estádio. Recentemente apresentei um projeto de reforma, transformando o JL numa arena multiuso, o governo do estado prometeu a construção de um novo estádio em outra área, também apresentou projeto e nada saiu do papel. Esse projeto de lei definitivamente sepulta a possibilidade de especulação imobiliária naquele espaço, confesso que era o que eu mais temia. O Juvenal Lamartine ainda tem uma importância muito grande para as nossas divisões amadoras, que corriam o risco de ficarem desamparadas.



O Leonardo Nogueira, em Mossoró, é hoje o calcanhar de Aquiles da FNF na organização do Estadual?

É calcanhar de Aquiles, pé, perna, enfim tudo que se possa imaginar. É uma luta terrível. Termos uma cidade de um porte de Mossoró e ver um estádio abandonado é uma lástima. Sobrevive em razão de ações isoladas de diretores do Potiguar e do Baraúnas. Ele está totalmente abandonado por autoridades que não repassam investimentos necessários para as reformas, pertence a Liga Desportiva Mossoroense, há um processo de transferência e retorno para prefeitura, mas isso me preocupa pois não sei o que vai ocorrer em 2015 caso não sejam realizados os reparos básico, urgentes e essenciais para que o espaço volte a ter condições de abrigar partidas de futebol. A capacidade dele hoje é de apenas três mil lugares, um estádio que originalmente suportava até 16 mil torcedores.



O presidente da Federação é contra ou a favor a municipalização do Nogueirão?

Eu não vejo a Liga Desportiva com condições de sobrevivência apenas com que arrecada com o estádio. Ele funciona pouco com futebol profissional, Baraúnas e Potiguar utilizam ele por um período limitado e curto do ano ou um pouco mais quando um dos clubes consegue vaga em competições nacionais. Na maior parte do ano ele atende ao futebol amador, o Nogueirão tem um peso forte na sociedade e merece ser visto. Alienar aquele estádio ou simplesmente transferir a titularidade não é a questão, o mais importante é saber como será gerenciado e mantido no futuro.

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