Antes de ser presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol, José Vanildo fazia parte do Tribunal de Justiça Desportiva. Chamado pelo então deputado estadual, Alexandre Cavalcante, Vanildo, aceitou o desafio de ser vice-presidente do político, na administração da Federação. Com a desistência de Alexandre de continuar à frente do órgão gestor do futebol no estado, José Vanildo assumiu a responsabilidade de comandar o futebol no Rio Grande do Norte. Nessa entrevista, concedida à TRIBUNA DO NORTE, ele fala sobre os projetos futuros da federação, como o órgão está trabalhando no projeto da Copa de 2014, estadual de 2010, transmissão de TV, da reforma do Juvenal Lamartine e também sobre o futuro de América e Alecrim, quando o Machadão for demolido.
Como o senhor analisa o trabalho desenvolvido pela Federação em 2009?
E para 2010, o que o senhor projeta para a Federação?
Em relação ao estadual, já estamos com o regulamento e a tabelas divulgados. Estamos trabalhando agora em uma maneira de buscar financiamento para o campeonato. Mas, não só junto ao Poder Público, mas também, com os empresários locais. Estamos conversando com uma grande rede de postos de combustíveis, que atualmente patrocina o Flamengo, vamos atrás de uma grande rede de supermercado do estado, para mostrar para esses empresários, que um campeonato bem elaborado, bem organizado, pode gerar dividendos para eles, em forma de publicidade.
Como anda o processo de transmissão do campeonato pela TV?
Formamos uma comissão encabeçada pelo América, que conta com membros do Alecrim, Potiguar de Mossoró e do ASSU, que estão responsáveis por essa questão. Infelizmente foi feito uma primeira reunião e apenas uma TV compareceu. Mas, teremos outra reunião em breve e esperamos que outras TV’s compareçam. Para se ter uma ideia, não fixamos preço para essa transmissão. O veículo que estiver interessado em transmitir o campeonato que vai dar o valor. A comissão irá analisar e decidir pela venda dos direitos ou não. Com isso, o filiado vai saber quanto a Federação arrecadou com a venda dos direitos de transmissão.
A Federação está trabalhando junto ao Comitê Organizador da Copa de 2014?
Desde o começo que a Federação tem cobrado com maior veemência uma participação mais marcante do órgão junto ao Comitê Organizador. Porque, o objeto principal de uma Copa do Mundo, não são as obras, nem o legado que um evento como esse deixa para a cidade. O carro-chefe é o futebol. Os órgãos, sejam eles de que esfera for, tem que compreender que o futebol não é apenas um detalhe, e sim o objeto principal de uma copa do mundo. Lógico que, nessa primeira parte, que é mais de engenharia, a Federação tem olhado de fora para o andamento das obras. Mas, em um segundo momento, não. Vou cobrar uma participação mais efetiva da Federação nessa preparação de Natal para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. Temos que trabalhar em conjunto, até por que, com a demolição do Machadão, temos que saber onde o América e o Alecrim vão mandar seus jogos nos próximos anos, como também as equipes amadores que são patrocinadas pela Federação. Porque isso é da responsabilidade da Federação e não vamos abrir mão de ser ouvidos em relação a esse problema.
A recuperação do Juvenal Lamartine seria uma solução? Pelo menos para os jogos do estadual?
Nós já temos um projeto inicial de reforma do Juvenal Lamartine pronto. Iria custar cerca de R$ 15 milhões, e depois de reformado, daria tranquilamente, para receber os jogos do América no estadual, assim como do Alecrim. A maior dificuldade de conseguir recursos para essa obra é que todas as atenções estão voltadas para a Copa e também, 2010 é ano de eleição. Com um pouco de investimento, o estádio de Tirol, apresenta características muito melhor do que a maioria de estádios do interior do estado. Mas, não daria certo para jogos de campeonato brasileiro por causa das arquibancadas. Seria necessária a construção de mais lugares, o
O estádio do ABC seria a solução?
O mando de campo fica de responsabilidade de cada time, mas isso não impede que a Federação interceda para ajudar algum clube que precise, já que, com a demolição do Machadão, o América será penalizado nesse período de obras. Como ele é um filiado nosso, temos que ajudar. Sempre digo que o uso do bom senso é a melhor maneira de resolver os problemas. Temos que procurar estádios alternativos para a realização desses jogos menores.
O Alecrim parece que fechou uma parceria com a prefeitura de Goianinha para realizar seus jogos no estádio daquele município...
Só falta encaminhar alguns laudos para que essa parceria seja fechada. O estádio de lá é novo, e daria também, para que o América mandasse seus jogos do estadual lá. Mas, em minha opinião, seria muito mais viável, até mesmo financeiramente, tanto para ABC, quanto para o América, que os jogos dos times de mais torcidas do estado, sejam realizados no Frasqueirão.
O estádio de Goianinha está apto para receber esses jogos?
Como o estádio é novo, apresenta todas as condições de receber jogos. Claro que faltam algumas coisas, mas, o gramado está em perfeitas condições, a drenagem não fica devendo nada, então, temos uma boa estrutura montada em Goianinha.
O senhor é a favor ou contra a derrubada do Machadão?
O senhor recebeu muitas críticas quando se reelegeu até o final da Copa de 2014. Essa reeleição poderia ter acontecido, de acordo com o estatuto da Federação?
Como o senhor recebe as críticas que sua gestão sofre?
Encaro com naturalidade. Essas críticas devem ser respeitadas. Temos que conviver com os anseios dos torcedores, e eles sempre foram favoráveis a Federação. A nível de imprensa, o órgão tem tido um reconhecimento por tudo que realizou. Até os maiores rivais do estado, ABC e América, reconhecem o trabalho desenvolvido pela Federação. As críticas são normais, naturais e até estimuladoras.
Como o senhor analisa as campanhas de ABC, América e Alecrim no Campeonato Brasileiro de 2009?
Os dois grandes dizem que faltou planejamento. Já o Alecrim, se planejou em 20 dias e conseguiu o acesso...
Se eu pudesse, contratava um centroavante Planejamento e marcaria muitos gols, mas, não é só isso que um time de futebol precisa. O grande problema, não só para os times daqui, é a questão financeira. Veja a situação dos times do Nordeste nas séries A e B do Brasileiro? A verticalização do futebol pressionou de forma decisiva os clubes do Nordeste. Se você analisar, a série C está quase se transformando na Copa Nordeste. Temos vários representantes na competição. Não temos como competir, em relação ao poder econômico, com os times do sul e sudeste. Mesmo os de pouca torcida.
O senhor acha que a volta de uma Copa do Nordeste, por exemplo, seria uma salvação financeira para os times da nossa região?
Como o senhor, como o presidente de Federação recebe as reclamações dos clubes de que o estadual é deficitário?
Não tenho dúvida de que essas reclamações fazem sentido, mas, isso é um fato comum a todos os estados. A diferença fica por conta de Pernambuco, que tem um projeto nos moldes do Cidadão Nota 10, desenvolvido pelo Governo daqui, que é muito bem visto pelo governo pernambucano. O Governo do Rio Grande do Norte tem que entender que o futebol deve ter a mesma importância que tem o turismo. Ninguém aqui é contra que o Governo invista para trazer turista para o nosso estado, mas, se ele investir no futebol, vai estar gerar emprego e renda, e investir no lazer da população. E essa consciência que temos que passar aos empresários.