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Quinta, 10 de Novembro de 2022 às 14h11 Aluno da CBF Academy, César Sampaio conta como chegou ao cargo de Auxiliar da Seleção

Sorriso no rosto, semblante tranquilo e uma bagagem cada vez mais importante. Do alto de seus 54 anos, César Sampaio parece já ter vivido de tudo. O ex-volante iniciou a carreira no Santos, passou pelo Palmeiras onde se tornou ídolo e conquistou diversos títulos, jogou no Japão, Espanha e, no Brasil, fechou a passagem pelos quatro grandes clubes paulistas defendendo as cores de São Paulo e Corinthians. Pela Seleção, representou o Brasil na Copa do Mundo de 1998, onde marcou seis gols na campanha que culminou no vice-campeonato mundial daquele ano, e também em 2000.

Após pendurar as chuteiras, se firmou como gestor e começou a estudar. Fez diversos cursos na área da gestão até que decidiu fazer as Licenças de Treinador de Futebol da CBF Academy para auxiliar nos processos de contratação que conduzia.

Hoje, a dias do início da Copa do Mundo e como Auxiliar Técnico de Tite, reflete sobre a caminhada que o levou até este cargo.

Nos conte um pouco sobre sua experiência na CBF Academy e nos cursos pelos quais você passou.

Eu trabalhei como gestor durante, aproximadamente, dez anos depois que parei de jogar e sempre fazia cursos complementares. Na função de gestor, muitas vezes os orçamentos dos clubes são direcionados para que os gestores possam priorizar investimentos. Eu fiz cursos de gestão, trabalhei em Base, em projetos sociais, e até no Palmeiras nesse pós-carreira. E aí, fazendo esses cursos complementares eu resolvi fazer o de Treinador também. Não tinha a intenção de ser Treinador, mas fiz como fortalecimento de carreira na parte de gestão, pra ajudar nas entrevistas e entender a qualificação, a diferença entre um e outro, o modelo de jogo da instituição.

Comecei na Licença C em 2016, em seguida fiz a B, A e PRO. Também fiz o curso de Análise de Desempenho em 2017, onde encontrei até com o Thomaz Koerich, que é um dos Analistas da Seleção hoje. E na Licença PRO eu encontrei com o Tite no último módulo. Foi um momento bem interessante porque eu estava como comentarista na ESPN e eu tinha muitas perguntas, muitas dúvidas como gestor e também como comentarista, algumas curiosidades. Nós temos os princípios parecidos, e aí criamos uma afinidade. Depois disso o Juninho Paulista me convidou pra ser auxiliar pontual e depois fui efetivado. A CBF Academy é responsável por isso cem por cento.

Você mencionou em uma entrevista essa semana que deve seu cargo atual na seleção a CBF Academy, uma vez que foi aqui nos nossos cursos que você encontrou com o Tite. Como isso aconteceu?

Na CBF Academy, em determinadas aulas, nós temos trabalhos em equipe pra elaborar e entregar com conteúdo técnico-tático, estratégico e até operacional dos treinamentos. Em uma das vezes eu caí no grupo do Tite, e foi aí que eu me aproximei mais. Lógico que eu já o conhecia, eu tinha jogado contra ele quando era atleta e quando era gestor, mas nunca tinha trabalhado junto e nunca tinha tido a oportunidade de tirar dúvidas, de compartilhar curiosidades como os apaixonados por futebol têm.

Então dessa forma a gente caiu no mesmo grupo elaborando tarefas, e aí já dentro do grupo a gente vai se aprofundando um pouco mais, ele perguntando da minha vida, eu também do cargo da Seleção, da responsabilidade e do peso também. No nosso grupo estávamos eu, Tite e Daniel Paulista. Especificamente nesse trabalho éramos nós três, mas estavam na turma Cuca, Rogério Ceni, Cristóvão Borges, Mano Menezes, Renato Gaúcho... tinha muita gente lá, mas eu era o único que não tinha tido experiências de campo como Treinador. Só que essa troca foi muito enriquecedora a ponto de, penso eu, o Tite ver em mim algo que pudesse contribuir. Então a gente está nessa jornada, esse é um ano ímpar pra gente e reitero a minha gratidão à CBF Academy. Eu só estou aqui por conta do curso e sou muito grato a ela por isso. E o Futebol agradece também por essas trocas de conteúdo.

Tem alguma coisa que você se lembre de ter estudado na CBF Academy que te marcou, que tenha mudado sua forma de trabalhar?

Quase tudo. Você ter o poder desse conteúdo pra transmitir as suas ideias a um grupo, esse processo é desafiador. Aprender a estruturar o treinamento pra neutralizar as forças do adversário, trabalhar em cima das fraquezas, respeitar aquilo que você não pode, às vezes, conter (um jogador, um setor, uma ação intersetorial), abrir caminhos, enfim, tudo isso tem sido algo desafiador, mas ao mesmo tempo prazeroso.

Hoje quase todos os membros da Comissão Técnica da Seleção já fizeram pelo menos um curso da CBF Academy. Como você acha que essa construção conjunta de conhecimento ajuda vocês de vocês enquanto equipe?

Tem ajudado porque o novo fica velho e o velho fica novo. O Futebol é emocionante por isso. Primeiro a qualificação: foi-se o tempo em que não era necessário estudar. Na minha avaliação, hoje o jogo está muito rico e são detalhes, variáveis muito finas que acabam definindo a nossa meta maior hoje que é a Copa do Mundo. Então a margem de erro em alguns jogos é muito baixa. Tendo uma equipe qualificada a gente já está no mesmo nível, você não precisa explicar muito, gastar muito tempo pra esclarecer um ponto de vista porque fica todo mundo na mesma sintonia. E isso faz com que a gente possa otimizar as reuniões e aí passar pra um outro tema, invadir algumas outras áreas.

Você já se imaginava ocupando essa posição de Auxiliar Técnico quando começou a transição de carreira? Como foi esse processo pra você?

Não, nem imaginava. O meu desejo era ser gestor e eu fui gestor durante muito tempo. Eu joguei no Brasil nos quatro grandes clubes de São Paulo: fui capitão no Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos e eu vi que o atleta poderia contribuir muito, que tinha margem de evolução nessa área de gestão e que um ex-atleta poderia desenvolver soluções pra aquilo que ele sentiu na pele, pra aquilo que ele não se sentiu representado. Então foi nesse sentido que eu comecei a fazer os cursos. Fiz alguns cursos de gestão e fui me atualizando sempre. Fiz curso de marketing, administração, e como falei, os cursos mais na área de Treinador pra contratar Treinadores. A gente foi evoluindo, se aprofundando e o futebol é legal porque não tem “certo” ou “errado", ele é democrático. Mas estou muito feliz e me sinto capacitado pra contribuir de forma organizada, não só de corpo e alma, mas com um conteúdo bem elaborado juntamente com os demais da equipe pra que a gente possa fazer uma grande gestão desse todo.

Pensando em tudo isso, como você acha que a CBF Academy contribuiu pra sua carreira?

Pra estar aqui cem por cento. Eu não me imaginava Treinador quando entrei no curso e devo tudo à CBF Academy.Primeiro a Deus, mas nós temos que fazer nossa parte (risos). Ele faz a diferença, mas cabe à gente se mexer. Então, buscando conhecimento e se deparando com pessoas fantásticas no curso a gente acaba estando aqui. Eu devo cem por cento à CBF Academy essa minha graduação e esse momento que eu estou vivendo na minha vida.

O Brasil é um país que valoriza e incentiva pouco a educação, e dentro do esporte encontramos ainda menos pessoas buscando essa capacitação. Que mensagem você gostaria de passar a respeito de estudo e capacitação para os profissionais de hoje?

A qualificação é sempre uma base pra que você possa transformar aquilo que você pensa em algo operacional. Então eu vejo a qualificação como uma ferramenta indispensável no mundo de hoje, que tem os jogadores com uma mentalidade de alto nível. Meu conselho é que você venha com a cabeça aberta, com o coração aberto, disposto a ser convencido. Tratando-se de ex-atleta, preparador físico, ou qualquer outra profissão, entre no curso. Durante muito tempo eu pensei que “Futebol você não aprende na escola, você aprende jogando, perdendo e ganhando”. É logico que existem verdades e princípios que eu não mudei, alguns outros que eu reformulei, mas já penso diferente. Até meu modelo de jogo, o modelo de jogo que eu achava ideal pro meu time, que eu gostaria que ele jogasse mudou e mudou muito. Mas isso porque a gente precisa estar aberto a ser convencido para o melhor, lógico. Quando não tem algo que eu acredite isso fica ali no meu HD pra usar de vez em quando. Mas mudou, eu sou uma outra pessoa e eu agradeço à CBF Academy. Indico pra todo ex-atleta, todo curioso, todo apaixonado pelo Futebol. É muita paixão. Se você gosta de Futebol, se você não está contente com o que você está vendo, se você acha que pode acrescentar alguma coisa, faça o curso. Independentemente das Licenças, o saber não está na C ou na PRO, o saber está em você entrar de um jeito e sair melhor a cada dia.

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